14/04/2019 às 02:19 Blog

Entendendo o Trabalho da Doula

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Entendendo o trabalho da Doula

por Malu Moraes

Na busca por um parto respeitoso, quem tem doula está no lucro. A doula é uma profissional que auxilia a mulher durante a gestação, trabalho de parto, nascimento e o pós-parto, servindo como um suporte informacional, emocional e físico nesse período tão intenso.

Quando a gestante (e companheiro/companheira) se sente segura, acolhida e confiante sobre os processos que envolvem a gravidez, nascimento e puerpério, o percurso se torna mais suave para toda a família - inclusive para a criança que chegará.

Mas, como é a atuação de uma doula? Para responder a essa questão, hoje eu trouxe 10 pontos sobre o trabalho dessa profissional

1. Doula auxilia sem tutelar

A doula presta um suporte para a mulher fazer suas escolhas em relação ao nascimento de seu filho de uma forma consciente. Esse apoio é dado através de informações de qualidade, disponibilidade emocional e suporte físico desde a gravidez até após o nascimento. Porém, as decisões serão sempre tomadas pela mulher e acompanhante.

2. Doula dá apoio informacional

A doula ajuda a mulher a entender os processos normais da gravidez, possíveis dinâmicas de um trabalho de parto, indicações comumente usadas para levar a gestante a uma cesárea quando este não é seu desejo, indicações em que o parto cirúrgico é recomendado, auxilia no planejamento do parto em si, como na construção de um plano de parto, entre outras questões.

Com informação, a mulher decide o que quer para si, o que aceita que seja feito ou não consigo e com seu bebê de uma forma consciente, longe de crendices e informações desatualizadas.

3. Doula dá apoio emocional

Durante a gravidez, trabalho de parto, nascimento e puerpério, esse suporte existe. Incentivando o olhar para os medos que envolvem os processos do nascer e trabalhá-los, estando ao lado durante o trabalho de parto no auxílio para lidar com as contrações e desconfortos, no pós-parto acolhendo as percepções sobre a chegada do bebê e mantendo a atenção em sinais de depressão pós-parto e baby blues. Quando a via de nascimento é uma cesárea, esse apoio durante a cirurgia acalma e tranquiliza a mulher, também se fazendo importante no pós-parto ao lidar com os sentimentos em relação ao procedimento.Vale ressaltar que esse apoio não substitui a terapia.

4. Doula é suporte físico

Apesar de não tomar a dor para si, a doula utiliza técnicas não-medicamentosas para auxiliar a mulher a lidar com os desconfortos e intensidade do trabalho de parto e nascimento. Através de movimentos, posições, massagens, técnicas de respiração e outros conhecimentos complementares, a doula traz um grande conforto para mulheres que optam por uma via de parto mais natural para seus filhos. Ao falar de uma cesárea, esse suporte está associado as orientações sobre as sensações durante a cirurgia e a recuperação pós-cirúrgica, por exemplo.

5. Doula não "faz parto", faz parte

Apesar de fazer parte da equipe de assistência a mulher no trabalho de parto e nascimento, a doula não "faz parto". Isso mesmo, a doula não é uma parteira, obstetra, enfermeira obstétrica ou obstetriz. O seu papel no cuidado com a mulher está em um nível diferente da assistência dada por esses outros profissionais - enquanto eles olham aspectos da saúde física e dos processos do parto, a doula está ao lado da mulher para que ela passe por esses processos da forma mais confortável, tranquila e consciente possível.

6. Doula não faz procedimento médico-clínico ou de enfermagem

Essa profissional não realiza toques, ausculta dos batimentos cardíacos, afere pressão, mede temperatura corporal ou prescreve remédios. Apesar de não haver uma lei nacional para guiar a prática dessa ocupação, essa conduta é reforçada na categoria e está presente na maioria das leis municipais e estaduais que norteiam a atuação da doula.

7. Doula não discute com equipe de assistência ao parto

Por mais que a doula saiba de cabo a rabo o plano de parto da mulher e veja a equipe com discurso contrário a ele, não é ela quem deve se posicionar junto aos demais profissionais. O que ela pode fazer é atentar a família para aquilo e a família deve se posicionar - se desejar.

8. Doula não substitui acompanhante (Lei estadual nº 15.880/16 - PE)

De acordo com a lei estadual pernambucana, a doula não substitui o direito ao acompanhante. Ou seja, a mulher tem direito a estar simultaneamente com uma doula e um acompanhante de livre escolha, sem precisar que um se ausente para o outro estar ao seu lado durante o trabalho de parto. Esse direito é válido em todas as instituições de assistência ao nascimento, durante todas as fases do trabalho de parto e parto, inclusive em caso de cesárea, desde que solicitada pela gestante. Essa profissional não precisa de vínculo com a instituição de saúde para atuar.

9. Ter uma doula melhora a experiência de parto

A Organização Mundial de Saúde reconhece que a presença da doula no trabalho de parto e nascimento traz benefícios no reconhecimento dessa experiência. Entre eles estão a diminuição da duração do trabalho de parto, menor taxa de intervenções, menos pedidos de analgesia, menores índices de nascimentos cirúrgicos, menor uso de fórceps, menor incidência de depressão pós-parto, maior satisfação da mulher com a experiência de parto, maior sucesso com amamentação e vinculação com o bebê também são vantagens proporcionadas por essa profissional.

Colocando em números, um estudo de Klaus e Kennel (1993) aponta que a presença de uma doula no trabalho de parto reduz 50% dos índices de cesárea, 25% da duração do trabalho de parto, 60% dos pedidos de peridural, 30% do uso de peridural, 40% do uso de ocitocina e 40% do uso de fórceps extrator.

10. Doula não garante um nascimento respeitoso

Contratar uma doula não é garantia de parto normal ou ainda de um nascimento respeitoso. Essa profissional dá todo o suporte mencionado anteriormente, mas as decisões são tomadas pela família e pela equipe de assistência a saúde. A doula não assume as decisões e os caminhos a serem seguidos como uma capitã: as escolhas são das famílias e profissionais capacitados. Nesse caminho existe a assistência humanizada e respeitosa e a desatualizada (e por vezes, violenta). Não se trata apenas da via de nascimento, afinal, um parto normal pode ser violento e uma cesárea pode ser respeitosa. Se trata da conduta das pessoas envolvidas nessa assistência.

Esses são apenas alguns dos fatores que envolvem o trabalho de uma doula. Se você ainda tem dúvidas, estou disponível para conversar sobre o assunto.

Eu sou Malu Moraes, doula, educadora perinatal, conduzo rodas de gestantes, atuo diferentes cuidados para gestantes e agora integro o Clube Elefantinho, do Estúdio Marol Arruda. Vem falar comigo!

                                                                                         

14 Abr 2019

Entendendo o Trabalho da Doula

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